segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Desprezo pelo passado, desdém pelo presente
Esta tarde pensei sobre o desprezo pelo passado. O desprezo que “gente nossa” (mas também a que eu considero “não nossa”) expressa pela pertinácia de outros colegas em mostrar, para a população, o drama de ex-trabalhadores da Varig, Aposentados e Pensionistas do malfadado Aerus. Ainda bem que esses colegas (os que teimam em ir para as ruas) nunca se deixaram intimidar por pressões claras ou travestidas de sábios conselhos “ancestrais” de caldos e canjas… Ainda bem, insisto, porque só assim, eu, aqui de longe, não me sinto esquecido. Quer dizer, graças à obstinação de um punhado de colegas, sei que o meu drama não é esquecido. Pelo contrário, graças à tenacidade deles sei que a população fluminense não esquece a saga dos ex-trabalhadores da Varig, Aposentados e Pensionistas do Aerus.
E me lembrei que a guerra pela independência de Angola durou quatorze anos: eram três forças que guerreavam; simplificando, uma era 'PT', outra era 'Black Blocs', e a terceira era, digamos, pelos 'valores ocidentais'. Ganhou a que estava mais próxima do governo que se instalou em Portugal em maio de 1974: a comunista MPLA.
Alguns historiadores apontam o início da guerra da independência no dia 4 de fevereiro de 1961 (o nome do aeroporto internacional de Luanda) com o ataque à 7ª Esquadra Móvel, no início da Estrada do Catete, e outros alvos, com pouco mais de vinte participantes.
(Eu estive presente no enterro dos policiais portugueses abatidos nessa noite).
A guerra pela independência da Argélia, considerando o seu início em 1947, durou quinze anos.
A Primeira Guerra Mundial durou quatro anos; a Segunda, seis anos.
Ah, e para finalizar com 'chave de ouro', a luta pela "democracia" e "liberdade" no Brasil, durou, considerando a tomada de posse de José Sarney em 15 março de 1985, quase exatos vinte e um anos. E quantos “comandos” de meia dúzia de “gatos-pingados” fizeram “estragos” por aqui e ali? (Me abstraio de qualquer juizo de valor.)
Por que me lembrei destes fatos?
Porque em todos esses momentos que citei, os guerreiros tiveram o apoio das populações, de várias formas, desde um copo de água, um esconderijo, um artigo laudatório, um contacto com esta ou aquela autoridade ou personalidade, um cartaz em frente a uma embaixada…
Quantas vezes, nós, (ultimamente mais vocês do que 'nós') do Movimento ACORDO JÁ!, lemos palavras de reconhecimento por, apesar de 'gatos-pingados', mantivemos a causa Varig/Aerus nas ruas e praças do Rio de Janeiro?? Aliás, dá vontade de chorar, mas quem cunhou a expressão 'gatos-pingados' foi gente como a gente, sim, aposentado pelo Aerus.
Sim, eu me lembro bem, gente que nunca apareceu, por várias e diversas razões, nas manifestações públicas, gente que nunca mostrou a cara e, com vergonha ou com inveja daqueles que mostram a cara (até por ele), desqualificam os colegas que se dispõem a lutar, seja com um, seja com mil!
Mas, se e quando, por acaso, um dos guerreiros consistentes, sozinho, pagando mico, segundo a linguagem desses críticos, "aparece" na mídia, como foi o caso da Dayse (+ Marcio e Rosiclea), por ocasião da visita do Papa, aí, se apressam a elogiar e 'agradecer'.
![]() |
Rio de Janeiro, julho de 2013 |
É o único caso no planeta em que “gente como a gente” (ou deveria ser) ridiculariza e desqualifica esses "seis" colegas, rotulandos-os de “gatos-pingados”…
Atenção!, não me refiro à crítica ideológica. Por exemplo, depois de 15 de abril de 2009 eu jamais fui a qualquer ato promovido pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas. Não fui e jamais iria – usei o tempo condicional pois o futuro está fora de questão. Ponto! O generoso leitor já leu algumas vezes o que penso desse sindicato. A minha diferença ou oposição é ideológica, é política. E não me abstenho de opinar.
Agora, uma coisa é oposição política, seja injusta ou justa, é legítima; outra coisa, é a crítica por criticar, torcer contra por motivos pueris e pessoais.
Eu sonho em ver o meu problema resolvido!
Muito obrigado a vocês, “gatos-pingados” que não têm medo de chuva!
Abraços e beijos de carinho./-
JP, 27-01-2014
Relacionados: